terça-feira, 24 de janeiro de 2023

O Apartheid da esquerda ergueu a extrema direita

Renato Marques de Oliveira, 29 de Outubro de 2018

A era dos prosumers

            Nesta década atual temos visto a ascensão da extrema direita como uma força política popular, que obteve expressivas vitórias em eleições democráticas. No caso brasileiro, presenciamos no momento a vitória de Bolsonaro, um candidato que remete ao passado fascista da ditadura. Um fator crucial para isto é a existência atual, por todo o ocidente, de um conflito sociopolítico na esfera pública por vezes chamado de “guerra cultural”. Esse conflito surge pela polarização dos indivíduos em duas frentes, uma progressista e outra conservadora. Dentro desse conflito, as explicações que surgem para a vitória de Bolsonaro oscilam entre as duas vertentes das seguintes formas: Bolsonaro venceu por causa do ódio às minorias sociais e para manter os privilégios da etnia branca e da população tradicionalista; ou Bolsonaro venceu porque ele é o único que faz frente a corrupção institucionalizada e às ideologias extremistas que manipulam o povo para se manter no poder. Nenhuma das duas teses deverá ser mantida nas inúmeras análises que serão feitas nos anos a vir, pois estas deverão pouco a pouco revelar como cada um dos lados traçou essas narrativas para benefício próprio a fim de explorar a polarização e vencer o oponente num cabo de guerra.

            A tese da esquerda de que se trata de uma manifestação de ódio por parte do setor conservador da população elimina todas as nuances do assunto e simplifica o quadro ao máximo para que não haja possibilidade de interpretação. A tese da direita de que se trata de um combate à corrupção e às ideologias extremistas de movimentos sociais esquece de levar em conta a própria incoerência, ao apresentar um candidato absolutamente corrupto e inapto (como também foi o caso nas eleições dos EUA), e ao responder aos movimentos sociais de maneira igualmente extremista e opressiva, efetivamente incorrendo no mesmo erro. Então por que Bolsonaro venceu? Para entender isso, é preciso ter em mente o contexto sociopolítico que permitiu essa vitória, a já citada “guerra cultural”, onde a população ocidental está polarizada entre as frentes progressista e conservadora.

            Antes do advento da internet era comum que veículos da grande mídia, membros de  oligopólios da distribuição da informação, fossem responsáveis por processar os contextos políticos, sociais e culturais, e por informar o público. Isso era feito de maneira generalizada, e normalmente especialistas eram contratados para fazerem as análises e tecerem os comentários que deveriam informar (ou guiar) a opinião pública. Não havia ainda o conceito de “prosumer”, inventado pelo futurista Alvin Toffler na década de 80, que foi adaptado para representar a realidade de que o consumidor atual molda a cadeia de produção industrial através de suas críticas e exigências. Esta realidade é fundamental para a polarização cultural que vivemos hoje, uma vez que ela alinha a demanda dos dois lados e molda a cadeia de produção de forma a servir interesses políticos. Antigamente o consumidor tinha formas extremamente limitadas de interação com os produtos ofertados (inclusive produtos de mídia, produtos culturais e informativos, como noticiário, jornais etc).  A demanda efetiva era praticamente a única medida observável do interesse do consumidor e da sua percepção. Nesta época atual existem inúmeras vias de interação entre o consumidor e o produtor, principalmente através das redes sociais. As redes sociais, inclusive, trouxeram à realidade a acepção original do conceito de prosumer ao fazer do consumidor o próprio produtor dos bens de consumo e serviços, por exemplo, ao democratizarem as oportunidades de indivíduos de se tornarem figuras da mídia, na forma de Youtubers, Blogueiros, Influenciadores digitais etc. Os movimentos sociais, que no passado tinham um alcance bastante limitado e não tinham maneiras eficazes de transmitirem as mensagens do consumidor e da população para as cadeias produtoras e para as outras classes, encontraram via livre para se comunicar diretamente com um segmento enorme da população e com toda a cadeira produtora e a classe política. Essa nova via de comunicação entre a população e a cadeia produtiva permitiu que as ideologias sociopolíticas penetrassem a indústria cultural e que dessa forma fosse estabelecida uma relação simbiótica entre indústria, movimentos sociais e a classe política.

            Nos séculos anteriores, a interpretação comum do espectro político envolvia duas dimensões, social e econômica, cada uma admitindo dois polos: conservadorismo e liberalismo na dimensão social, estado forte e estado pequeno (no que tange à intervenção estatal na economia) na dimensão econômica. No entanto, durante o século atual, ao mesmo tempo que o paradigma da cadeia de produção ia mudando, também essa interpretação do espectro político evoluiu para se simplificar. Enquanto que os diferentes partidos e candidatos se tornavam promíscuos em relação à participação do estado na economia e quanto ao tamanho desse estado, a esquerda se consolidava em torno dos movimentos sociais de minorias (progressivismo) e a direita passava por reestruturações constantes e inconsistência interna. A relação simbiótica entre indústria e movimentos sociais criava produtos culturais como filmes, livros e jogos cada vez mais carregados de ideologia política, o que acabava por alinhar certas empresas a valores políticos e sociais. Alguns exemplos recentes de produtos culturais carregados ideologicamente incluem: Caça-Fantasmas (filme, 2016), Star Wars: Os Últimos Jedi (filme, 2017) e Battlefield V (jogo, 2018). Note que os três exemplos citados sofreram enormes salvas de críticas e desapontaram nos lucros. Portais de notícia e jornais preenchiam o novo nicho progressista na indústria, como o Buzzfeed e o Huffington Post. Ao mesmo tempo, a indústria velha tinha dificuldades de se adaptar, o que levou a Google a colocar restrições estritas a conteúdos políticos no Youtube de forma a não afugentar anunciantes.

            O ciclo de feedback positivo entre indústria e movimentos sociais com o tempo acabou por alinhar muitas indústrias. Por um lado, as gigantes das redes sociais cultivavam o progressivismo e minavam o conservadorismo onde pudessem justificar. Por exemplo, o Twitter negava o símbolo de “verificado” a personalidades do conservadorismo do mundo anglófono. O Washington Post iniciou uma campanha infundada contra o youtuber Pewdiepie (cujo canal era o canal mais popular da plataforma), acusando-o de racismo e apologia ao nazismo, causando uma controvérsia que motivou o Youtube e a Disney a cancelarem suas parcerias com o youtuber. A campanha falhou em condenar Pewdiepie, entretanto é tida como estopim para uma extremização da ferramenta automática de censura do Youtube (fenômeno apelidado de “Adpocalipse”). O New York Times, veículo de tradição e renome, abraçou a postura progressista e chegou a contratar uma redatora (Sara Jeong) que publicava tuítes misândricos. Grandes estúdios, como a Disney e a Marvel, apostaram na cultura progressista para alavancar suas obras, com taxas variáveis de sucesso (as linhas de gibis da Marvel onde os heróis tradicionalmente masculinos eram retratados em versões femininas foram um fracasso de vendas).  Para entender a insistência da indústria nesse relacionamento inconsistente com o consumidor na esfera sociopolítica, é preciso ter em mente que na era do prosumer o consumidor não se comunica mais apenas através da demanda. A voz do consumidor, mesmo que seja de uma fração pequena dele, ou mesmo que seja de uma fração da população que não consome o produto, mas que acaba formando opinião sobre ele, tem um peso enorme nas decisões produtivas da indústria, pois ela é uma medida da percepção popular sobre a indústria. A imagem de uma empresa depende da percepção popular. No entanto, perceba que a “voz” do consumidor pode não ser representativa desse consumidor, e que o que a população diz ser a imagem que ela tem de uma empresa pode não corresponder à imagem real que o consumidor tem dessa empresa. Muitas empresas estão caindo nessa armadilha de percepção ao dar ouvidos às minorias que não são responsáveis pelo grosso do consumo dos seus produtos.

A polarização da esquerda

            Uma consequência perversa de todo esse processo é o alinhamento em massa tanto da indústria, quanto de formadores de opinião entre os consumidores. O fato de esse processo ocorrer primariamente nas redes sociais é um terrível agravante, pois as redes sociais foram planejadas como um território propício para a disseminação de ideias virais e como consequência, um sufocamento do debate a da discussão. Os grandes jornais e noticiários dependem cada vez mais das redes sociais para sobreviver, e devido a esses fatores, temos visto recentemente o surgimento dos conceitos de fake news e pós-verdade. Nesse contexto de feedback entre indústria e progressivismo, as questões sociais dominaram a percepção da população e as questões econômicas foram deixadas em segundo plano (quando muito). As pautas progressistas são historicamente representadas pela esquerda, o que levou a esquerda, nesse contexto, a se identificar com o progressivismo. Quando se trata de estruturas políticas e econômicas, a esquerda sempre foi desunida, mas no contexto da indústria cultural e da sua relação com a população, o alinhamento em massa criou fronteiras claras entre a esquerda em geral e as demais orientações políticas à direita do espectro (que se tornou unidimensional). Outra consequência desse processo de simbiose entre indústria e movimentos sociais é a politização do indivíduo. Uma vez que o discurso político penetra cada vez mais na cultura popular, mais e mais a fração politizada da população aumenta. Juntando essa politização da população com a identificação da esquerda com o progressivismo, resulta que uma parte significativa da população ficou alinhada num nível basal a uma orientação sociopolítica coesa. E é a essa parte da população que eu vou me referir, no resto do texto, ao utilizar o termo “esquerda”.

            A receita para a polarização está quase pronta. Nós temos um segmento expressivo da população alinhado, só falta que os outros segmentos se unam para fazer oposição. Ao longo dos anos 2000 não se tinha uma percepção de que ocorreria essa polarização, porque havia diversidade no espectro político, podendo o indivíduo se situar em diferentes graus da escala entre extremos, esquerda, direita e diversos tipos de centro. A direita sofreu derrotas, mas seguia um processo natural de reestruturação. Contudo, o alinhamento político da esquerda progressista, com a alta produção da indústria e a proeminência do consumidor como influenciador de opinião na forma de blogueiro e vlogueiro, dentro da estrutura das redes sociais, levou a uma manifestação sociopolítica indiscriminada. Muitos movimentos sociais formaram estruturas de alinhamento sociopolítico nas redes sociais, onde o que mais importava era propagar a mensagem do grupo, e não a causa progressista em si. Enquanto que os movimentos sociais tradicionais tinham como marca principal o ativismo (o que envolvia ações no mundo físico), os movimentos sociais na internet não envolviam nenhum esforço além da propagação de opinião, que no caso era quase sempre manufaturada por grupos especializados. Essa característica dos movimentos sociais atuais foi apelidada de “slacktivism”, ou seja, o “ativismo preguiçoso”. Como mencionado anteriormente, as redes sociais propiciam a propagação de ideias dotadas de grande apelo, e o espaço pra discussão é reprimido (porque a discussão não pode ser “compartilhada” nem viralizada). Assim, grupos formadores de opinião propagam discursos, memes e conteúdos inquestionáveis, cuja velocidade de propagação muito supera a possibilidade de crítica. As ideias que mais se disseminam (viralizam) acabam por se tornar as preponderantes, e pela ausência de crítica, acabam sendo aceitas de forma automática. As ideias não são mais curadas na dialética e selecionadas pela análise e pelo debate, a popularidade é que se torna a qualidade que valida as ideias nos movimentos sociais atuais.

            Assim, questões como aborto, diferenças de gênero e transexualidade são abordadas nesse contexto de aceitação automática de discursos, onde não há palco para críticas e discussão. Isso bate de frente com o fato de que a maior parte da população não está preparada para lidar com esses assuntos de forma crítica. Isso levou a diversos escândalos onde a esquerda excedeu a luta por igualdades e acabou por reproduzir mecanismos de opressão e censura. Por exemplo, um evento mencionado como estopim para a guerra cultural foi o Gamergate (2014), um “movimento” em que a população gamer se posicionou contra a corrupção institucionalizada na mídia jornalística de videogames, e que a mídia retratou como bullying machista contra uma desenvolvedora (que estava envolvida com grandes nomes do jornalismo de jogos). Envolvida neste escândalo está a personalidade Anita Sarkeesian, uma autodeclarada feminista que financiou um canal no Youtube (Feminist Frequency) através de crowdfunding com a proposta de analisar machismos nos videogames, e, no entanto, os seus vídeos faziam uma representação completamente desonesta dos jogos em questão, em vez de retratar casos reais de machismo que eram ignorados. Seguindo este exemplo, vários criadores de conteúdo feministas e veículos de mídia como o Buzzfeed criaram materiais feministas de baixa qualidade, desinformados e sensacionalistas.

            O movimento Black Lives Matter (BLM) gerou muitas polêmicas nos EUA por se utilizar de campanhas sensacionalistas (por exemplo dando ênfase a certos tipos de dados, como a taxa de morte de negros por policiais em detrimento da taxa de assassinatos entre negros), ao mesmo tempo que censurava críticas sobre essas práticas. Observe que assuntos como o BLM são bastante extensos e cheios de inúmeros eventos e nuances ao longo dos anos, onde o problema está não nas ideias do movimento, mas nas práticas que são utilizadas em cada evento pontual. Por exemplo, movimentos coletivistas negros no Brasil fazem um paralelo apto, ao abordarem temas altamente controversos como cotas raciais em universidades e conceitos questionáveis como “apropriação cultural” a partir de um ponto de vista de detentores do discurso. É um fato claro que existem muitas estratégias alternativas de inclusão social que não incluem cotas raciais, e, portanto, se posicionar contra as cotas não qualifica o indivíduo automaticamente como contra a inclusão social. Tratar esses temas como inquestionáveis gera verdadeiros dogmas, que engessam completamente a discussão social, e pior ainda, resultam em casos de intolerância do próprio movimento.

            Essas práticas não se restringem aos movimentos negros, evidentemente, elas são comuns a todos os movimentos progressistas. A esse tipo de censura foi dado o nome pejorativo de “politicamente correto”, um termo que a esquerda progressista rejeita e ironiza como uma forma de “discriminação enrustida por parte da extrema direita”. O politicamente correto acabou tendo alta expressividade nas universidades, e há muitos exemplos de suas controvérsias. Podemos citar um caso viralizado de intolerância dos dois lados (movimento negro e ouvintes) na Faculdade de Economia e Administração da USP [1] em 2015. Podemos também citar o caso da estudante de pós-graduação Lindsay Shepherd, da universidade Wilfrid Laurier (Canadá), que foi censurada por exibir um vídeo sobre pronomes pessoais de gênero (gravado por um crítico do politicamente correto) numa aula que ela monitorava (Lindsay subsequentemente gravou secretamente a reprimenda que recebeu da universidade e liberou a gravação para o público) [2]. Também houve vários casos de professores universitários demitidos por se pronunciarem contra o politicamente correto, por exemplo [3] e [4]. Em 2017, na Universidade de Berkeley (EUA), umas das mais importantes universidades do mundo, houve uma série de protestos para impedir que fossem ministradas diversas palestras de visitantes alinhados à extrema direita e conservadorismo [5]. Esse conflito tomou proporções nacionais e incitou ainda mais o debate bastante necessário sobre liberdade de expressão (ao menos no entendimento da sociedade norte-americana).

            Esse debate já havia sido alavancado após os atentados terroristas à publicação francesa Charlie Hebdo em 2015, e bastante agravado durante a crise de imigração de refugiados na Europa, que causou uma onda de conflitos sociais entre progressistas e conservadores. Devido à globalização das relações fomentada pelas redes sociais, esses conflitos repercutiram também nas américas, no entanto, as repercussões na Europa foram muito intensas e estão longe de terminarem. A Suécia foi um dos países a aceitarem o maior número de refugiados, e o clima político no país se intensificou drasticamente, dando origem a uma disputa política sobre imigração que virou notícia internacional. Formas sutis de censura foram estabelecidas pelo governo e pela mídia progressista na Suécia, onde, por exemplo, policiais foram proibidos de descrever a raça e a nacionalidade de suspeitos, de modo a não “soarem racistas” [6]; a polícia sueca acobertou crimes de abuso sexual perpetrados por refugiados [7]; por todo o país há um sentimento de censura do debate sobre imigração, forçando um consenso de que a imigração é positiva a todo custo. Ao mesmo tempo, a violência e o índice de pobreza na Suécia cresceram drasticamente em decorrência da imigração, colocando grande estresse sobre a população. A crise chegou ao ponto de surgirem “no-go zones”, ou seja, áreas onde não se deve entrar, devido à violência da comunidade imigrante lá presente [8]. O estado sueco, previsivelmente, não admite a gravidade do problema representado por esta situação, negando a existência de no-go zones [9], se referindo a essas áreas com eufemismos. Isto causou uma diminuição da confiança do cidadão sueco na mídia e no governo, propiciando a ascensão de um partido de extrema-direita com pautas anti-imigração [10]. Não é somente a Suécia que passa por esses conflitos a respeito da imigração (e que sofre as pesadas consequências de se admitir um grande número de refugiados islâmicos), sendo a Alemanha frequentemente foco de controvérsias similares. O governo alemão acobertou casos de estupro perpetrados por imigrantes islâmicos [11], e a chanceler Angela Merkel foi forçada a admitir a existência de no-go zones na Alemanha [12].

            A censura ao debate sobre imigração não se limita à censura estatal. É preciso ter em mente a atual natureza bilateral das relações sociais entre as classes política, industrial e o povo. Como apontado anteriormente, os movimentos sociais progressistas se alinharam com a classe política e a indústria, aproximando o povo cada vez mais dos conflitos sociopolíticos. Além disso, temos que relembrar também que a qualidade desses movimentos decaiu muito, especialmente no que diz respeito à retórica e à tolerância ao debate e às divergências de opinião, devido a natureza “viral” com que a ideologia dos movimentos era espalhada e ao sufocamento do debate nos ambientes acadêmicos e nas redes sociais. Com isso, se um indivíduo se posicionasse contra a imigração, ou se ao menos possuísse um posicionamento crítico com relação ao assunto, era inexoravelmente taxado de xenófobo e islamofóbico. Note que tais posições radicais e sensacionalistas viralizam facilmente, e fornecem uma explicação muito mais fácil e palatável ao sentimento anti-imigração do que admitir os complexos problemas da política imigratória. Neste processo, as pessoas com posicionamentos moderados eram agrupadas pela crítica de esquerda com a direita e com a extrema-direita. Não é a toa que durante esse processo, na Suécia, o partido de extrema-direita ganhou tanta força.

Recapitulando sobre o politicamente correto

            O conflito sociopolítico sobre a imigração tem sido uma questão de repercussão mundial, e os modos de censura e supressão do debate, naturalmente, assim como aconteceu com outras questões sociopolíticas abordadas por movimentos sociais de minoria, são comuns a todas essas questões. Todas essas controvérsias sobre o feminismo, movimento negro, ideologia de gênero, imigração, islamofobia etc, apresentaram envolvimento tendencioso da mídia e do governo, e uma repressão do discurso crítico por parte da população, como evidenciado anteriormente. Essa repressão do discurso é uma outra definição do politicamente correto. E assim como ocorreu no caso da imigração, o politicamente correto desafia as noções estabelecidas de liberdade de expressão, ou talvez evidencia o quão mal estabelecidas são essas noções. Todas esses conflitos fomentados por movimentos sociais de minoria aconteceram simultaneamente ao longo da última década, o que não é de se estranhar dado o crescente alinhamento do movimento progressista e da mídia.

            O movimento progressista então cada vez mais apresentava como características a baixa qualidade da retórica, a imunidade à críticas, a supressão do debate e o desvirtuamento das ideologias de igualdade em favor de ideais de alta popularidade (pois ideias sensacionalistas se disseminam mais facilmente e fornecem explicações mais fáceis). O politicamente correto estava ganhando força em todos os círculos sociais, à medida que movimentos feministas criavam campanhas de denúncias de homens perpetradores de machismo. Nesse cenário, contrariar o discurso progressista publicamente envolveria ser denunciado como um perpetrador da opressão contra as minorias sociais. Várias figuras públicas e empresas passaram a ser extremamente cuidadosas com os seus discursos públicos, guiando-se pelo politicamente correto. É claro que, em certos casos, algumas figuras públicas mereciam ser punidas por discursos verdadeiramente discriminatórios (muitas vezes tipificados na lei como tal). Contudo, o politicamente correto não faz distinção entre os casos de discriminação e os casos de liberdade de expressão. Pelo fato de se guiar por ideologias degeneradas pelo populismo do movimento progressista, o politicamente correto aglutina todos os acusados sob o mesmo leque, condenando os “perpetradores” do discurso divergente (sempre confundido com “discurso de ódio”) com os adjetivos adequados a cada questão: machistas, racistas, nazistas, fascistas, xenófobos, islamofóbicos, homofóbicos, transfóbicos etc.

            Efetivamente, se instaurou uma cultura de “crime de pensamento”. Este é um conceito inventado por George Orwell em seu romance 1984, lançado em 1949. Ele descreve o monitoramento dos pensamentos do indivíduo e a tipificação de certos pensamentos como crime. Contrariar as posições do movimento progressista, mesmo que apenas no âmbito pessoal, acaba por levar um indivíduo a ser condenado pela sociedade, e isso motivou muitas personalidades da direita a acusarem a esquerda de perseguição. A grande ironia a respeito desse conceito é que o crime de pensamento envolve o monitoramento do indivíduo por parte de outros indivíduos, e não por parte de uma instituição. George Orwell criou este conceito para criticar a esquerda de sua época, e, pelo visto, os problemas estruturais da esquerda perduram até a atualidade. Exemplos deste fenômeno podem ser encontrados nas ocorrências mencionadas anteriormente em [2], [3] e [4]. Também podemos observar este fenômeno na recente moda de bloquear pessoas com opiniões antiprogressistas nas redes sociais, e no modo como apoiadores de candidatos de direita são taxados de opressores através de adjetivos como “machista”, “racista” e “fascista”.

            Por curiosidade, outro conceito Orwelliano que se aplica perfeitamente na conjuntura atual é o “duplipensar”, que na verdade é uma roupagem para o conceito de dissonância cognitiva. Por definição, duplipensar é o ato de aceitar simultaneamente duas crenças mutualmente contraditórias como corretas. Ele se manifesta no contexto do movimento progressista quando este convence o indivíduo de que ele está defendendo ideais de igualdade, quando na verdade o movimento se guia por ideais que foram bastante deturpados dos ideais de igualdade originais, e que ao invés disso fomentam a censura, a repressão e a segregação social (que será discutida mais à frente no texto). Um exemplo claro de duplipensar ocorre quando progressistas declaram que pessoas brancas não sofrem ataques de racismo. Eles esquecem que existem conceitos diferentes de racismo, o racismo estrutural e o racismo em sua acepção original (discriminação baseada em etnia). Enquanto que é de fato impossível ocorrer discriminação contra brancos dentro do conceito de racismo estrutural, nenhuma etnia está imune a sofrer discriminação com base em características étnicas. Afirmar o contrário é um ato racista, o que vai no sentido oposto do ideal progressista de combate ao racismo.

O Apartheid começa

            O politicamente correto foi uma ferramenta crucial para a polarização da população como um todo. Uma vez que essa ferramenta de repressão tenha sido estabelecida, a natureza simplista e aglutinadora do movimento progressista fazia com que parcelas indiscriminadas da população se sentissem reprimidas. Pessoalmente, vejo que esse fenômeno começou a ter notoriedade a partir de 2010 e no Brasil se intensificou a partir dos protestos de 2013. Nessa época as redes sociais tinham adquirido já imensa popularidade, e as empresas do ramo como Facebook, Twitter, Youtube e Instagram já eram gigantes. Com a queda na confiança de parte da população na mídia tradicional e o surgimento de uma mídia alternativa nas redes sociais, criada por indivíduos e mantida de forma independente, as pessoas passaram a consumir cada vez mais mídia na internet ao invés da mídia na TV e em jornais e revistas (a passos lentos a velha mídia se adaptava a essa nova realidade para sobreviver). A mídia alternativa foi extremamente importante tanto como ferramenta de resistência ao politicamente correto, quanto como ferramenta de disseminação do politicamente correto e do movimento progressista, devido ao modo como ela democratiza a produção de conteúdo e o acesso para toda a população com acesso à internet. Contudo, devido à repressão do discurso divergente e à condenação de indivíduos perpetradores desse discurso, câmaras de eco (ou bolhas sociais, como são comumente chamadas hoje) proliferaram e mantiveram separados os grupos de pensamentos sociopolíticos distintos. Não progressistas não eram bem vindos em canais progressistas, e, ao mesmo tempo, progressistas rejeitavam conteúdo crítico ou de viés cultural divergente.

            A constante censura por causa do politicamente correto e a repressão social de indivíduos discordantes levou as outras esferas sociais a produzirem conteúdo cada vez mais crítico do progressivismo e da esquerda. Nesse contexto, a extrema direita se sobressaiu bastante, por possuir apoiadores com enorme talento para campanhas virais online. Lembrando que há um processo de politização da população devido à simbiose entre indústria e movimentos sociais, observamos que o alcance de conteúdo político como as campanhas virtuais da extrema direita foi enorme. Indivíduos se viam forçados a se politizar, alguns por serem convocados pelo progressivismo, outros por serem condenados por esse movimento. Essa condenação em massa gerou um sentimento generalizado de insatisfação com os ideais progressistas entre a população. O mecanismo de formação de movimentos sociopolíticos atuais garantiu que esta insatisfação fosse correspondida com conteúdos antiprogressistas, conservadores, mas de uma maneira deturpada e sensacionalista. Do mesmo modo que esse mecanismo fomentava o medo do ódio às minorias, do liberalismo e do fascismo no lado progressista, ele fomentava o medo do comunismo, do “homossexualismo” e da censura no lado conservador. Recapitulando, o ativismo atual se vale de campanhas virais disseminadas nas redes sociais, onde os ideais vigentes são eleitos por popularidade, o que favorece o sensacionalismo e a deturpação, enquanto que o debate (e portanto a crítica) é suprimido. Dessa forma, o discurso da parcela moderada da população era cada vez mais sufocado, pois ele se apoiava em discussão de ideias diferentes e divergências de opinião. Os discursos dos extremos se tornavam, portanto, cada vez mais audíveis e preponderantes.

            Uma diferença fundamental entre os conservadores e os progressistas atualmente é que os conservadores costumam ser bastante eloquentes, enquanto que os progressistas discursam descuidadamente, protegidos pela crença de que estão “no lado certo”. Ideias como “não é possível oprimir pessoas com discurso feminista” são extremamente comuns. Ao mesmo tempo, ideias contrárias a essas crenças eram vistas como marcas de discurso de ódio. Os progressistas, portanto, rejeitavam o debate honesto com críticos do movimento, e apresentavam uma tendência enorme ao proselitismo quando em debates públicos. Esse tipo de rejeição gerou uma fronteira evidente entre a esquerda (que se identifica hoje com o progressivismo) e o resto da esfera política. Por mais que historicamente a esquerda apresente divergências estruturais, é fato que países como os EUA e o Brasil apresentam estruturas esquerdistas monolíticas, o Partido Democrata e o Partido dos Trabalhadores (PT), respectivamente. Dessa forma, em questão de corpo político, a esquerda se unia tanto na ideologia que a guiava quanto no corpo político que a representaria no governo. Um corpo político monolítico representa uma séria ameaça à cidadãos que não se alinham com esse corpo político, ou seja, aqueles cidadãos que se encontram desacreditados com a esquerda ou os que são de direita precisam se alinhar com algum representante que tenha força suficiente para fazer frente às estruturas esquerdistas. A eloquência da extrema direita acolhe todos os indivíduos que se alinharem a esse grupo sociopolítico, o que, aliado a rejeição do progressivismo, fez com que esse grupo se apresentasse como alternativa à esquerda.

            Do modo como os fatos e ideias foram apresentadas nesse texto, está estabelecido que rejeitar e ser rejeitado pelo progressivismo não justifica julgamento do indivíduo com relação a ser contra ou a favor de ideais de igualdade de gênero, etnia, orientação sexual etc, ou com relação ao que pensa dos  direitos humanos, visto que o progressivismo não versa mais sobre esses ideais em sua essência. Dessa forma, estar fora do espectro da esquerda não justifica que o indivíduo integre a extrema-direita e vote em candidatos desse grupo político. Quando apresentados com esse argumento, esquerdistas geralmente questionam tais indivíduos: por que não votar em candidatos mais moderados, então?

            É preciso ter em mente que a natureza das campanhas sociopolíticas atuais, não importando a orientação político-social de origem, desinformam o eleitor ao mesmo tempo que forçam sua politização. Eleitores que tem uma rejeição natural ao movimento progressista foram efetivamente acossados, e essa foi a principal falha do progressivismo. A penetrância do discurso progressista, devido a todas as características de condenação, repressão, censura e sensacionalismo, foi drasticamente reduzida. A instauração de bolhas sociais diminuiu ainda mais a penetrância desse discurso. Ao invés de aproximar pessoas do movimentos sociais de minorias, fomentar debates informados sobre causas de minorias sociais entre parcelas da população de inclinações diferentes, o progressivismo fomentou a segregação da população em bolhas de diferentes inclinações políticas. O discurso dos moderados e da direita, ao contrário, era altamente inclusivo. No entanto, como apontado anteriormente, as campanhas opositoras ao progressivismo que ganhavam mais notoriedade, devido a natureza dos mecanismos de movimentos sociais atuais, eram campanhas radicais, sensacionalistas e desinformativas. O indivíduo mediano não está preparado para lidar com questões políticas complexas, e logo, na ausência de um ambiente convidativo de debate e questionamento de ideias, vai se alinhar com grupos políticos baseado puramente em sua afinidade.

            Porém, isto não quer dizer que grande parte da população tem afinidade pelo discurso da extrema-direita. Ao contrário do que a esquerda diz, o discurso da extrema-direita não é centrado no ódio e na manutenção dos privilégios de castas sociais. Os discursos da extrema-direita são voltados para crises sociais altamente relevantes para o contexto da época atual, como imigração, violência urbana, estabilidade econômica, política tributária, corrupção institucional e relações internacionais. As perspectivas da extrema-direita com relação a estes tópicos são de fato radicais, mas são motivadas essencialmente por necessidade social, não por ódio. O discurso de ódio de fato permeia as percepções da extrema-direita sobre o contexto social, contudo ele é relegado à esfera pessoal do político e não entrou na campanha nem de Donald Trump, nem de Jair Bolsonaro. Por mais que o discurso de ódio se evidencie nas manifestações públicas dos candidatos quando fora de campanha eleitoral, o conteúdo divulgado pelos movimentos de apoio aos candidatos é desinformativo e sensacionaliza aspectos da guerra cultural que favorecem o candidato da extrema-direita como um libertador do povo.

            Além disso, como dito anteriormente, a direita passou por ciclos de reestruturação de forma natural, e sofreu derrotas importantes em muitos países. Nos EUA, a direita (Partido Republicano) ficou muito descreditada após o mandato de George W. Bush, que foi tido como um fracasso de popularidade para um mandato de presidência nos EUA, sucedido por um presidente com alta taxa de aprovação do partido democrata, Barack Obama. No Brasil, diversos escândalos fragilizaram a imagem de partidos monolíticos da direita, como o PSDB e o MDB, os principais adversários do PT (Lembrando que o PT se manteve no poder continuamente por 14 anos). Em ambos os países, a esquerda estava a postos para lançar candidatos fortes à presidência, Hillary Clinton, Bernie Sanders, Lula e Fernando Haddad. Nessa conjuntura, a população enxergava a esquerda como uma manutenção do status quo que gerou todas as crises políticas, econômicas e sociais pelas quais os países estavam passando, o que não deixa de ser verdade em grande parte, mas não de todo. Não somente isso, candidatos de esquerda estavam envolvidos em vários esquemas de corrupção, e seus partidos eram ligados com estruturas econômicas que causaram gigantescas crises econômicas no Brasil e nos EUA (o PT ligado à crise brasileira atual e Hillary Clinton ao estouro da bolha imobiliária de 2008). Evidentemente, outros países onde a extrema-direita teve grande expressividade (como foi citado, o caso da Suécia) passaram por processos parecidos.

            Donald Trump e Jair Bolsonaro ascenderam como únicas alternativas elegíveis contra as crises políticas, econômicas e sociais que assolavam suas nações. Vangloriavam-se de sua integridade, frequentemente enaltecida nas suas campanhas e por seus apoiadores em redes sociais, quando tal integridade não existia, fato que não seria descoberto devido ao caráter desinformativo das campanhas políticas. O progressivismo superestimou gravemente a parcela da população que aderiria a ideais esquerdistas radicais, e no estabelecimento de um corpo político monolítico, deixou ao encargo da direta acolher os indivíduos das mais diferentes inclinações políticas. O modo como as campanhas políticas foram estruturadas na conjuntura atual, através de movimentos sociais deturpados e sensacionalistas, baseados na popularidade ao invés da qualidade do discurso, favoreceu candidatos extremistas e espalhafatosos como Trump e Bolsonaro, tornando-os as alternativas mais viáveis a serem eleitas contra os candidatos esquerdistas. A parcela da população que não se alinha com nenhum dos extremos, nem com a extrema-direita, nem com a esquerda, pelos motivos discutidos anteriormente, foi forçada a se alinhar com esses candidatos quando, senão por qualquer outro motivo, ao menos pela perspectiva de mudança na conjuntura atual.

Conclusões e os próximos passos da esquerda

            Espero que tenha sido estabelecido para o leitor o modo com que a “radicalização” da esquerda provocou uma segregação bilateral na sociedade ocidental. Essa “radicalização” se deve à evolução dos indivíduos de consumidores passivos a prosumers ativos, e a forma com que os ideias progressistas, em notória ascensão durante o séc. XX, foram incorporados, através dos indivíduos, no ciclo de produção industrial, especialmente no que se refere à indústria cultural e à mídia. O caráter degenerado da disseminação de informações nas redes sociais, principais plataformas de manifestação ideológica do séc. XXI, leva ao sufocamento de fatos e espalhamento de sensacionalismos, levando a uma deturpação dos movimentos sociais organizados no ambiente online. Note que os movimentos sociais foram popularizados através das redes sociais e também nesse contexto ocorreu uma politização em massa da população, favorecendo, portanto, uma desvirtuação desses mesmos movimentos. O fenômeno do politicamente correto junto com a disseminação dogmática de opiniões sociopolíticas levou a uma segregação da população em bolhas sociais (câmaras de eco), particularmente alinhadas entre dois pólos, esquerda e extrema-direita. O caráter discriminatório e condenatório da esquerda levou à alta rejeição do movimento e deu origem, por fim, a um alinhamento artificial de grande parte da população à direita, particularmente a extrema-direita.

            A continuação dessa tendência, se imaginarmos apenas a intensificação de todos os processos, seria a polarização extrema e a extremização de ambos os lados. Nos EUA isso já vem acontecendo em parte. Grupos extremistas se formaram de ambos os lados, grupos nacionalistas de direita e o ANTIFA na esquerda, e esses grupos tem se enfrentado em conflitos violentos. Ambos os grupos utilizam de força extrema e violência, contudo o ANTIFA é mais notório por sua violência. Apesar desse quadro triste, cada vez mais tem se falado na insustentabilidade do partido democrata atual, e na necessidade de reestruturação. A política estadunidense é bastante engessada, portanto só resta aos espectadores estrangeiros cultivar a esperança de que os EUA possam sair dessa crise. No caso do Brasil, as nossas eleições de 2018, tanto em relação ao histórico dos anos anteriores quanto em relação à corrida eleitoral em si, compartilharam incontáveis paralelos com as eleições estadunidenses de 2016. A incrível semelhança aponta para uma necessidade urgente de reestruturação política da esquerda brasileira, para evitar um agravamento da polarização e conflitos violentos.

            É preciso reconhecer o processo de radicalização da esquerda, e as falhas do progressivismo atual. É preciso retomar a essência dos movimentos progressistas e distanciar a vida política da população das redes sociais, uma vez que fazer campanhas políticas responsáveis em redes sociais é praticamente impossível. Não podemos mais ostracizar segmentos significativos da população através de condenações vexatórias por causa de divergências políticas. Precisamos nos reaproximar e fomentar o debate de ideias, assim como crítica de ideias, e admitir que toda e qualquer ideia pode estar errada e é passível de melhora, incluindo os ideais de igualdade e os direitos humanos. Quando formos defrontados com ideias verdadeiramente intolerantes, não devemos temê-las e tentar suprimi-las a todo custo, devemos reconhecer que controlar os pensamentos do indivíduo é impossível e antidemocrático e que não podemos condenar esses indivíduos por crimes de pensamento. Nossas estruturas democráticas devem ser robustas o suficiente para suprimir a manifestação da intolerância, e as ideias intolerantes devem ser combatidas através da educação (em vez de proselitismo).

            A esperança que surge em face das eleições de candidatos de extrema-direita é a de reconstrução das estruturas políticas que propiciaram as suas vitórias. Essas vitórias demonstram que a população não está disposta a aceitar ideias que, apesar de serem chamadas de progressistas, são em essência regressistas (dessa noção nasceu o termo “esquerda regressista”). É preciso reavaliar a qualidade dos candidatos que hão de disputar o pleito e principalmente a estrutura dos partidos pelos quais estes candidatos vão disputar. O ideal seria a ausência do PT nas próximas eleições, para que partidos mais aptos, menos corrompidos e numa posição mais moderada possam disputar e servir de ponte para unir os segmentos polarizados da população, além de coibir a presença de extremos através da moderação. Enquanto a narrativa dos nós versus eles que favorece ao PT e aos seus inimigos de escolha como Jair Bolsonaro estiver em voga, a crise política brasileira só tende a se intensificar.

Referências

[1] https://www.youtube.com/watch?v=4yuTq4OEjWc

[2] https://en.wikipedia.org/wiki/Lindsay_Shepherd

[3] https://www.theatlantic.com/education/archive/2015/02/stripping-a-professor-of-tenure-over-a-blog-post/385280/

[4] https://nypost.com/2016/10/30/nyu-professor-who-opposed-pc-culture-gets-booted-from-classroom/

[5] https://en.wikipedia.org/wiki/2017_Berkeley_protests

[6] https://www.independent.co.uk/news/world/europe/swedish-police-are-not-allowed-to-give-descriptions-of-alleged-criminals-so-as-not-to-sound-racist-a6810311.html

[7] https://www.theguardian.com/world/2016/jan/11/swedish-police-accused-cover-up-sex-attacks-refugees-festival

[8] https://www.youtube.com/watch?v=pochreLwrQs

[9] https://sverigesradio.se/sida/artikel.aspx?programid=2054&artikel=6630452

[10] https://www.theguardian.com/commentisfree/2016/jan/13/sex-assaults-sweden-stockholm-music-festival

[11] https://www.independent.co.uk/news/world/europe/cologne-police-ordered-to-remove-word-rape-from-reports-into-new-year-s-eve-sexual-assaults-a6972471.html

[12] https://www.express.co.uk/news/world/925727/Angela-Merkel-Germany-latest-news-no-go-zone-reality-refugee-crisis

Temas que o leitor se beneficiará mais pesquisando por si mesmo:

      Prosumers

      Caça-Fantasmas (2016), Star Wars: Os Últimos Jedi (2017), Battlefield V (2018)

      Pewdiepie controversy

      Adpocalipse

      Sara Jeong

      Pós-verdade e fake news

      Gamergate

      Anita Sarkeesian

      Black Lives Matter

      Politicamente correto (Political Correctness ou PC culture)

      Lindsay Shepherd

      Protestos de Berkeley

      Crise de imigração na Europa

      1984 (livro, de George Orwell, 1949)

      Racismo estrutural

      Esquerda regressista (Regressive left)

Nota

            O leitor atento pode notar que, de acordo com o que foi denunciado no texto, a grande mídia possui inclinação progressista, e portanto, os conteúdos e visões apresentados neste texto não são embasados em informações veiculadas pela mídia tradicional. A mídia tradicional vai apresentar uma narrativa que contradiz muitas partes deste texto! Todas as partes importantes do texto foram informadas por fontes de mídia alternativa, editoriais, artigos de opinião e posts de indivíduos independentes. Evidentemente, se o leitor for pesquisar os conceitos e temas apresentados neste texto, a grande maioria dos artigos encontrados possuirão viés progressista. Com isso em mente, e para poupar trabalho num texto que foi feito para fins puramente pessoais, deixei muitos assuntos sem bibliografia e ao encargo do leitor de pesquisar. O leitor terá a liberdade de tirar as próprias conclusões a partir da pesquisa independente dos temas aqui discutidos. Esse processo é essencial, e a ausência dele foi um fator importante na formação da crise descrita no texto. Informe-se, mas sempre o faça a partir de uma postura crítica e ceticista! Tenha opiniões originais e não se deixe levar pelas perspectivas políticas da cultura pop e dos memes.

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